
A apatia é uma condição psicológica marcada pela falta de interesse, emoções e objetivos na vida. A pessoa mostra indiferença perante acontecimentos e sentimentos, o que pode comprometer a qualidade de vida. Em casos graves, aumenta o risco de institucionalização precoce e até de mortalidade.
Sem propósito definido, quem sofre de apatia sente dificuldade em enfrentar desafios e usar os seus próprios recursos para resolver problemas.
De um sintoma ligeiro a um sinal de alerta
A apatia pode surgir de forma ligeira, como resposta ao stress ou desânimo, mas também pode ser sintoma de doenças físicas, emocionais ou mentais. Nos casos mais graves, chama-se apatia patológica e está associada a doenças neurológicas (como demências) ou psiquiátricas (como esquizofrenia e bipolaridade). Importa lembrar: pode existir apatia mesmo sem depressão.
Que fatores podem desencadear a apatia?
A apatia pode ter várias causas: físicas, neurológicas, psiquiátricas ou emocionais. Surge em qualquer idade e está muitas vezes ligada a depressão, ansiedade ou stress excessivo.
Como causas específicas podemos apresentar algumas, como:
- Anemia ou desnutrição
- Hipotiroidismo
- Meningite
- AVC (Acidente Vascular Cerebral)
- Alterações no sistema límbico
- Depressão
- Dístimia
- Esquizofrenia
- Uso de substâncias psico-activas
- TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade)
- Trauma psicológico
- Demência Parkinson, Frontotemporal ou vascular
- Degeneração corticobasal
- Doença de Huntington
- Traumatismo craniano encefálico
Quais são os sinais da apatia?
Para perceber se está perante um quadro de apatia, o profissional de saúde terá que identificar sinais nos comportamentos que a pessoa indica, nomeadamente:
- Falta de vontade de realizar as atividades do dia a dia que anteriormente eram prazerosas
- Diminuição de energia
- Ausência de interesse ou preocupação com a vida
- Perda da expressão emocional
- Desinteresse em interações sociais
- Tristeza
- Irritabilidade fácil
- Comportamentos diferentes dos habituais
- Redução da qualidade de vida
- Falta de iniciativa
Apatia em crianças
Nos mais pequenos, que ainda não falam bem, os pais devem observar falta de interesse em brincar ou mudanças de comportamento. Em crianças mais velhas, é importante notar alterações no discurso, sinais de mal-estar ou retraimento. Nestes casos, consulte um psicólogo, pedopsiquiatra ou pediatra.
Apatia em pessoas idosas
Nos idosos, a apatia tende a agravar-se por fatores como isolamento social, perda de papel familiar e doenças físicas ou neurológicas.
Como lidar com a apatia?
É importante que a pessoa tenha consciência do que se esta a passar em dado momento da sua vida para que seja possível procurar a ajuda adequadas e garantir a adesão ao tratamento.
Estando garantido que as causas físicas estão ausentes ou resolvidas, importa abordar as causas psicológicas e desenvolver mecanismos e estratégias que permitam a mudança necessária, neste contexto pode lhe ser sugerido uma intervenção combinada (psiquiatria e psicoterapia).
Em quadros mais ligeiros da manifestação da apatia, podemos fazer face através de alteração de hábitos, rotinas e comportamentos, desenvolvimento pessoal e capacitação interna.
Estratégias para melhorar o bem-estar emocional
- Introduza novidades na rotina: mude o percurso para o trabalho, descubra um novo café, faça um curso ou aprenda um hobbie.
- Valorize o autocuidado: reserve tempo para si, relaxe, faça atividades que lhe tragam prazer.
- Cuide da vida social: partilhar emoções e experiências reduz a solidão.
- Defina objetivos: metas realistas ajudam a manter motivação e envolvimento.
Tratamento
O tratamento depende da causa da apatia e pode incluir:
- Psicoterapia
Ajuda a entender e lidar com os pensamentos e emoções, promovendo mudanças no pensamento negativo. - Ajuda médica
Em casos mais graves, pode ser necessária medicação para controlar sintomas de ansiedade ou depressão. - Mudanças no estilo de vida
Orientação para melhorar a rotina diária, praticar auto-cuidado e cultivar as relações sociais.

Dr. Rute Galaz
A Dra. Rute Galaz é psicóloga clínica na Unisana Hospitais – Hospital do Oeste Soerad. Com uma vasta experiência em psicoterapia, avaliação psicológica, bem como psicologia comunitária, especializa-se no tratamento de comportamentos aditivos e perturbações pós-stress traumático.


