
O que é o Neuroma de Morton?
O Neuroma de Morton, também conhecido como Tumor de Morton ou Metatarsalgia de Morton, é uma condição benigna que afeta um nervo sensitivo localizado entre os ossos do antepé. Em termos simples, trata-se de um espessamento do nervo interdigital, geralmente no terceiro espaço intermetatársico (ou seja, entre o 3.º e 4.º dedos). Este espessamento ocorre devido à compressão e irritação crónica do nervo, o que acaba por causar dor e desconforto significativos.
Embora possa afetar qualquer pessoa, esta condição é mais comum em mulheres com mais de 50 anos. Isso acontece, em grande parte, devido ao uso frequente de calçado apertado ou com salto alto, que favorece a compressão dos nervos do pé.
Quais são os sinais e sintomas?
O Neuroma de Morton manifesta-se através de sintomas bastante característicos. Entre os mais frequentes, destacam-se os seguintes:
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Dor no antepé, geralmente entre os dedos (espaço interdigital);
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Sensação de choque ou ardor que irradia para os dedos;
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Parestesias, ou seja, formigueiro ou dormência na zona afetada;
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Desconforto agravado pelo uso de calçado apertado;
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Alívio da dor ao caminhar descalço ou em superfícies frias;
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Inchaço ou sensação de nódulo, embora menos comuns.
Além disso, é importante referir que estes sintomas tendem a piorar com o tempo se não forem tratados.
Causas do Neuroma de Morton
As causas desta patologia são multifatoriais. Embora nem sempre seja possível identificar uma origem exata, as principais causas conhecidas incluem:
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Alterações na estrutura do pé, como pés planos ou pés cavos;
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Deformidades ósseas, incluindo joanetes, dedos em garra ou em martelo;
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Doenças articulares crónicas, como artrite ou artrose;
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Atividades físicas de alto impacto, como corrida, futebol ou ténis;
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Lesões repetidas ou traumatismos no antepé;
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Calçado inadequado, especialmente saltos altos ou biqueiras apertadas;
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Causas idiopáticas — isto é, quando a origem é desconhecida, o que acontece em muitos casos.
Portanto, vários fatores podem contribuir para o desenvolvimento desta condição, sendo essencial uma abordagem individualizada.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico do Neuroma de Morton é, na maioria das vezes, clínico. Ou seja, o médico baseia-se na história clínica e nos sintomas relatados pelo doente. No entanto, em alguns casos podem ser necessários exames complementares, tanto para confirmar o diagnóstico como para excluir outras causas de dor no antepé. Entre os principais exames utilizados, destacam-se:
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Radiografias em carga: úteis para excluir doenças como a de Freiberg;
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Ecografia: exame acessível e eficaz para identificar o neuroma e avaliar a sua dimensão;
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Ressonância magnética: indicada quando a ecografia não fornece resultados conclusivos ou em situações persistentes;
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Histologia: análise microscópica do tecido removido, realizada após cirurgia, que permite confirmar definitivamente o diagnóstico.
Desta forma, o diagnóstico pode ser feito com elevado grau de precisão.
Tratamento do Neuroma de Morton
Em primeiro lugar, o tratamento deve ser conservador. Ou seja, a abordagem inicial procura evitar cirurgia sempre que possível. Estima-se que cerca de 80% dos casos melhorem com medidas não cirúrgicas, tais como:
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Alterações no tipo de calçado, optando por modelos mais largos e confortáveis;
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Uso de palmilhas ortopédicas ou separadores de dedos;
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Medicação anti-inflamatória, oral ou através de infiltrações com corticoides;
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Evitar atividades de impacto até que haja melhoria dos sintomas.
É fundamental que estas medidas sejam mantidas de forma consistente, para aumentar as hipóteses de sucesso do tratamento conservador.
Quando recorrer à cirurgia?
A cirurgia está indicada apenas nos casos em que o tratamento conservador falha, ou seja, quando os sintomas se mantêm após várias semanas ou meses de abordagem não invasiva. O procedimento cirúrgico consiste na libertação do nervo e remoção do neuroma. Embora eficaz, este método pode implicar perda parcial de sensibilidade nos dedos afetados.
Ainda assim, os resultados cirúrgicos são geralmente muito positivos, com elevados índices de satisfação dos doentes.
Prognóstico e recuperação
De um modo geral, o prognóstico após a cirurgia é excelente. Os dados indicam que:
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A taxa de sucesso cirúrgico supera os 85%;
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A dor costuma desaparecer logo após o procedimento;
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A recuperação total ocorre geralmente entre 3 a 6 semanas;
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Pode haver alguma perda de sensibilidade nos dedos envolvidos, que por vezes é permanente;
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O regresso à atividade habitual é possível num curto período, especialmente com fisioterapia adequada.
Assim, trata-se de uma intervenção eficaz e com baixos índices de complicações.
Como prevenir o Neuroma de Morton?
A prevenção passa, acima de tudo, por adotar cuidados no dia a dia. A seguir, destacamos algumas medidas simples e eficazes:
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Evitar o uso prolongado de sapatos de salto alto;
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Optar por calçado com biqueira larga e sola acolchoada;
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Usar palmilhas que ajudem a distribuir a pressão no pé;
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Reduzir atividades de alto impacto caso haja dor no antepé;
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Procurar avaliação médica ao primeiro sinal de desconforto persistente.
Em resumo, a prevenção baseia-se na atenção aos sinais do corpo e em escolhas adequadas de calçado.
Agende a sua consulta
Se sente dor persistente no antepé ou formigueiro entre os dedos, marque a sua consulta com um especialista em ortopedia. Um diagnóstico precoce e um plano de tratamento adequado fazem toda a diferença para recuperar a qualidade de vida.

Dr. Jorge Sena
O Dr. Jorge Sena é especialista em Ortopedia e Traumatologia, com foco cirúrgico no pé e tornozelo, incluindo técnicas minimamente invasivas, na Unisana Hospitais. Possuí formação complementar nacional e internacional, em medicina desportiva e acompanhamento de atletas. Além de ser autor e coautor de diversas publicações científicas.


