A instabilidade crónica do tornozelo é uma condição em que o tornozelo perde firmeza e estabilidade ao longo do tempo, provocando a sensação de que “falha” ou vira com facilidade. É comum em pessoas que sofreram entorses repetidas — lesões que, quando mal tratadas, deixam sequelas duradouras.

Causas mais frequentes

A principal causa é a repetição de entorses mal recuperadas. Outros fatores de risco incluem:
  • Lesões nos ligamentos do tornozelo;
  • Reabilitação incompleta após lesões anteriores;
  • Falta de propriocepção (consciência da posição do corpo);
  • Alterações anatómicas, como pé cavo ou desalinhamentos;
  • Prática de desportos de impacto (futebol, corrida, basquetebol, etc.).

Sinais de alerta

Os sintomas variam, mas os mais comuns são:
  • Sensação de tornozelo instável, solto ou prestes a “falhar”;
  • Torções frequentes, mesmo com movimentos ligeiros;
  • Dor persistente na parte lateral do tornozelo;
  • Inchaço após esforço físico;
  • Dificuldade em caminhar em terrenos irregulares;
  • Medo de realizar movimentos rápidos ou atividades desportivas.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico é feito por um médico ortopedista, com base em:
  • Avaliação clínica detalhada e histórico de entorses;
  • Exame físico, para testar a estabilidade, força e equilíbrio;
  • Exames complementares como raio-X, ecografia ou ressonância magnética.

Qual o tratamento indicado?

O tratamento depende da gravidade da instabilidade e pode ser conservador ou cirúrgico:
Abordagem conservadora:
  • Fisioterapia especializada, com foco no reforço muscular, equilíbrio e treino proprioceptivo;
  • Uso de tornozeleiras durante a atividade física;
  • Analgésicos ou anti-inflamatórios, se necessário;
  • Adaptação das rotinas de exercício.
Tratamento cirúrgico:
  • Indicado quando não há melhoria com fisioterapia;
  • Pode incluir a reparação ou reconstrução dos ligamentos;
  • Em alguns casos, é necessário corrigir alterações estruturais.

É possível recuperar totalmente?

Sim — com um plano de tratamento bem definido e acompanhamento especializado, é possível regressar à atividade normal sem limitações. No entanto, quando não é tratada, a instabilidade pode evoluir para artrose e limitar significativamente a mobilidade.

Como prevenir?

  • Tratar todas as entorses de forma adequada;
  • Cumprir os planos de fisioterapia;
  • Fortalecer os músculos da perna e tornozelo;
  • Utilizar calçado adequado;
  • Ter atenção redobrada em terrenos irregulares;
  • Respeitar os tempos de recuperação.

Em resumo

A instabilidade crónica do tornozelo é uma condição frequente, mas muitas vezes negligenciada. Se sente que o seu tornozelo continua a torcer com facilidade, fale com um especialista. Um diagnóstico atempado e um plano de reabilitação adequado fazem toda a diferença.

Dr. Jorge Sena

O Dr. Jorge Sena é especialista em Ortopedia e Traumatologia, com foco cirúrgico no pé e tornozelo, incluindo técnicas minimamente invasivas, na Unisana Hospitais. Possuí formação complementar nacional e internacional, em medicina desportiva e acompanhamento de atletas. Além de ser autor e coautor de diversas publicações científicas.